quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Um novo desafio.

(14/10) Mal se passa 15 horas desde minha última postagem e aqui já "ME " estou . 
 Conversando com meu namorado pela rede do msn entramos num assunto muito bem específico: ESCREVER, digo assim, ele sabe que adoro escrever mas isso não é sempre até porque sou uma preguiçosa de mão cheia então já viu né. Mostrei o texto que postei está madrugada á ele e adivinha o que ele disse ?  :
Lucas diz:
*amor você escreveu pra porra em (deixemos a tal palavra em branco para não ser tão vista rs)
*hehehe
*e foi super detalhista.

 E logo após disso perguntou-me se eu havia uma boa imaginação, fui sincera e disse que sim, é, foi aí que ele me propôs PRIMEIRAMENTE que eu começasse a escrever um diário; de início adorei a ideia mas depois o que me surge é que, preguiçosa do jeito que sou é capaz de eu ficar uma semana sem escrever nada haha, mas tudo bem, tudo se dá um jeito nessa vida ! Então tá, aceitei seu "convite" e adiante veio dando uma ideia de que podíamos escrever uma história  juntos obviamente eu exaltei quando ele disse isso , a topei topei & topei de novo, só faltava uma coisa, O TEMA, ótimo, ele falou sobre um tema, fez um breve resumo do que seria mais ou menos a história, gostei muito mas confesso que fiquei um pouco insegura pois nunca havia digitalizado um texto com tal tema ou melhor , naquele estilo... alguns momentos depois percebi que não se tratava de um simples tema e que sim tinha a ver com a vida dele e que logo depois o eixo da coisa de desenrolaria até no dia em que nos conhecemos, LEGAL. Porém continuo um pouco quanto indecisa porque não sei se irei conseguir, mas não tenho nada a temer, então vamos lá.
 Conversando sobre o assunto resolvemos fazer o seguinte, ele escrevi um breve texto de ficção ou qualquer outro gênero e me mostra e eu faço o mesmo, serei sincera... não tenho ideia alguma mas se for para colocar em palavras todas as emoções me renderia um bom e longo texto, então vamos lá já que não tenho nada a perder.  


   As estrelas e Eu.

 Na infância fui muito excluída de meus amigos... calma, vamos começar direitinho: Meu nome é Mirian Roset Barden Alves e atualmente tenho 45 anos anos, sou casada a 21 anos com Paulo Roset Barden Alves que se encontra com a mesma idade que eu, temos dois filhos: Isabela de 19 anos e Felipe de 21 anos.
 Agora sim falarei sobre minha vida, bom como eu disse eu fui muito excluída na minha infância, você deve estar se perguntando porquê, vou lhe responder... porquê sou cadeirante, isso mesmo que você leu, nasci com uma má formação em minhas ex futuras perninhas, mas isso não me fez desistir da vida e só me deu força para seguir em frente. Na escola e em qualquer outro lugar os olhares eram de piedade, preconceito, de nojo... aquilo me machucava demais, fazia meus olhos se encherem de lágrimas mesmo sem eu querer, a minha vontade era sair correndo e sumir de vista daqueles olhares maldosos, ficar longe de tudo e todos,mas como? eu não conseguia, não podia, NÃO TINHA COMO ! SOCORRO, ALGUÉM ME TIRA DESSE MUNDO. Mas ninguém fazia isso, o jeito era andar chorando e esperar até que o dia em que tudo isso mudaria chegasse.
 Entrei para o colegial, eu sempre fui muito inteligente, ágil em contabilidade e desenhava super-bem, mas isso não era o bastante pois os olhares e os deboches me perseguiam, confesso que foi muito difícil para mim mas eu tive que enfrentar, afinal , desistir nunca foi o meu lema. Amigos? só tinha um, Rafael Gomes que por coincidência ou não também era cadeirante, eu e o Rafa sempre estavámos conversando sobre qualquer coisa, só para ter assunto mesmo. Sair para cinema, praça, era só com ele pois era o único que entendia minha vida e meu sofrimento. Nossa amizade durou até o 2º do ensino médio porque ele teve que se mudar para outra cidade e infelizmente acabamos perdendo o contato... sem ter o Rafa ao meu lado, passei o 3º ano sozinha praticamente, até que no último dia de aula conheci Pops, apelido estranho, não?e eu nunca soube o nome dele haha, conversamos a manhã inteira na escola e não, ele não era cadeirante mas era super simpático e me fez rir por horas, em certos momentos eu até esquecia de minha dificuldade. Infelizmente depois deste dia poucas vezes nos falamos apesar de morarmos no mesmo bairro, ele vivia saindo com amigos, baladas, festas, farras e eu só ficava em casa fazendo algo que fosse para passar o tempo. 
 Começa um novo ano e eu tenho que decidir o que fazer da minha vida, qual profissão eu exerceria, prestei várias provas e cursos para tudo que era tipo de emprego: Arquitetura, desenho, administração, veterinário ... NÃO NÃO E NÃO, nada me completava, e nesse vai e vem de cursos quando fui ver eu já estava com 22 anos, pois é, a situação estava realmente crítica. 
 Em um destes finais de semana qualquer, resolvi dar uma volta no bairro, ir no marcadinho comprar algumas coisas, e quando eu estava na fila um moço de aparência chamativa (moreno , alto e um corpo que toda mulher deseja) me oferece ajuda para levar as sacolas até em casa, fiquei um pouco travada, com medo.. mas as sacolas estavam pesadas demais então resolvi aceitar sua ajuda. No caminho eu soube que ele era personal trainer que tinha aproximadamente a mesma idade que eu e que estava solteiro e seu nome era Paulo ( pára Mirian, ele não é para o seu bico ), a conversa foi muito agradável, até parece que ele não se importou por eu ser cadeirante, eu realmente me senti ESPECIAL. No final de tudo sempre que eu ia no mercado ( todas as terça e quinta ) eu me encontrava com ele, mas por acaso, porque os horários sempre eram os mesmos que os meus. Depois de algumas boas conversas trocamos números, endereço e e-mail, nos tornamos muito amigos, durante um ano eu dei risadas e curti a vida sem se preocupar com quem estava á minha volta... digo um ano apenas, porque apartir daí começamos a nos gostar e obviamente, a namorar e tudo mais, nosso namoro durou um ano e infelizmente por um mal entendido acabamos terminando ( uma de suas alunas começou a dar em cima e eu ciumenta coloquei mais lenha na fogueira ). 
 Foi uma fase em que sofri muito e para tentar passar o tempo comecei a estudar para ser pedagoga em escola para deficientes, me formei rapidamente pois consegui uma bolsa e um curso preparatório. Após me formar fui dar aula na escola Indianópolis, mas as noites não eram mais as mesmas, me sentia sozinha e minhas únicas companhias eram as estrelas, conversava com elas diariamente e contava como eu me sentia, como a separação minha e do Paulo havia me afetado de um modo que me machucava muito, e eu pedia a todo momento para que Deus não me deixasse naquele estado e que fizesse acontecer algo para que voltássemos.
 Agradeço até hoje, pois foi dito e feito, algumas semanas depois de eu começar a dar aula Paulo vem em casa me procurando para conversar e se explicar, foi uma conversa muito longa, porém calma ( ela durou cerca de duas horas ), e como de esperado voltamos a ficar juntos mas mesmo assim nunca abandonei minhas fiéis amigas: as estrelas, elas sim me ajudava. 
 Quando voltamos juntos já estávamos com 24 anos, e precisávamos curtir a vida, então fizemos uma viagem para Bahia, fomos curtir as praias , o carnaval, as festas e os hotéis, é claro ( não pense besteira ! ps: tem como? ), a viagem durou uma semana apenas, infelizmente, e voltamos para casa ( São Paulo, São Carlos ). Após voltar toda a rotina, no dia 7/9/1988, ele me pega na escola, e me leva para um jantar num restaurante muito requintado, papo vai e papo vem ele paralisa-se totalmente e fixa aqueles olhos no meu, que me faz derreter, e num breve intervalo de tempo ele chama o garçon, que trás um bombom e que ao mordê-lo encontro duas alianças ... ESPERA ESPERA... fiquei em choque, feliz e confusa.. mas MUITO FELIZ, Paulo então por sua vez levanta da cadeira, se ajoelha na minha frente e pronuncia exatamente as seguintes palavras: MIRIAN ROSET, VOCÊ ACEITA SE CASAR COMIGO? ; Na mesma hora o restaurante todo para e olha para nós, na curiosidade de saber qual seria a minha resposta. O momento foi tão intenso que um segundo parecia um minuto, mas sem pensar demais, olhei em seus olhos, acariciei teu rosto, e com um singelo beijo digo: PAULO, EU ACEITO ! Neste momento todos bateram palmas, assuviaram, gritaram e nos parabenizaram. Confesso, foi o dia mais feliz da minha vida. Saindo dali logo fomos comunicar nossos pais, que acharam o máximo e estavam totalmente a favor e no dia seguinte mesmo já começamos a preparar a festa, que seria só entre amigos e família, e então depois de um mês o casório estava acontecendo, e quando chegou o mais esperado momento da futura Mirian Roset Berdan Alves entrar, Paulo pega o microfone e me faz uma declaração de amor, uma declaração que emocionou a todos, e quando cheguei até á frente de Paulo ele sussurra ao meu ouvido: MIRIAN, FICAR TANTOS ANOS SEM FALAR COM VOCÊ ME MACHUCOU DEMAIS, MAS PODE TER CERTEZA QUE NOSSA HISTÓRIA COMEÇOU APARTIR DO MOMENTO QUE COMEÇAMOS A CONVERSAR NO ÚLTIMO DIA DE AULA DO 3º ANO, MIRIAN SOU EU, POPS !!
 Meu Deus eu não estava acreditando, eu nunca havia esquecido Pops, pode parecer estranho mas ao Paulo me dizer estas palavras meu coração recebeu uma força muito forte, se eu não usasse cadeira de rodas eu saía pulando e festejando naquele mesmo momento, mas no lugar disso apenas lhe disso: EU TE AMO, e dei-lhe um selinho. O casório aconteceu ás mil maravilhas, lua de mel? á, fomos para Lençóis Maranhenses e ficamos durante duas semanas sob a mordomia do Hotel principal de lá.
 Após um ano nos mudamos para Minas Gerais, onde Paulo estava prestes a abrir uma academia, na viagem de avião comecei a passar mal, tonturas, enjôos, calafrios, ao avião pousar fui rapidamente levada a um hospital onde disseram que era normal devido a altitude então tomei soro e fomos para a nossa nova casa, arrumamos tudo, nos ajeitamos e logo fomos dormir. Alguns meses depois continuei sentindo os enjôos e tudo mais, porém não falava nada ao Paulo, resolvi então por mero impulso fazer um teste de gravidez e ao saber que o teste havia dado positivo fiquei em pânico porque, uma cadeirante... grávida? como seria minha vida? ... não poderia esconder de Paulo por muito tempo então resolvi falar imediatamente, sua reação foi das melhores pois queria ser pai cedo , resolvemos levar a gravidez adiante com todos os cuidados necessários, exames a cada três meses e tudo mais. O tempo foi passando, passando, e ficamos com curiosidade de saber o sexo do bebê, então fomos á uma clínica fazer a ultrasom e adivinham ? SERIA UM GAROTO E O NOME? já tínhamos em mente: FELIPE BARDEN ALVES.  Nessas alturas eu já estava de 6 meses e quando cheguei ao nono mês a cesariana foi marcada para a data: 14/11/1989...
 Dia 13/11 anoite sou internada, e dia 14 ás 15:35h meu filho nasce, com saúde, forte, grande e já com o nome de Felipe. Vamos para casa com com nosso anjinho nos braços, cuidamos dele como se fosse o nosso único bem para o resto da vida, e quando vimos Lipe já estava com 3 anos e pedindo loucamente por uma imãzinha, olha, não sei se foi ironia do destino, vontade de Deus ou algo a mais, só que tínhamos acabado de saber que eu estava gravida... novamente, só estávamos torcendo para que fosse uma menina, para que fosse nossa pequena Isabela, dois meses depois foi confirmado, era nossa pequenina, Felipe ficou feliz da vida quando soube da notícia, e Paulo também, ficou todo derretido pela nova integrante da família que estava por vir.
 Mal víamos o tempo passar e logo eu já estava na mesa de parto tendo outra cesariana, claro porque o parto normal poderia me trazer problemas, era dia 8/05/1992, e ás 10:47h da manha nasce nossa princesinha, Isabela Barden Alves, branquinha, gordinha e linda, e é assim como todas as mães vê seus filhos, é algo lógico. 
 Cuidamos de nossos filhos com muito carinho, atenção e disciplina e agradeço a Deus por nenhum dos dois terem nascido com o mesmo incoveniente que eu, pois não aguentaria a dor. Pois bem, eles cresceram felizes, estudando, e eu e meu marido também crescemos, como pais, e ele também cresceu profissionalmente pois já abriu sua segunda academia. 
 Os anos passam como raios de sol, calorosos, claros e nos fazendo bem, logo me dou por conta de que Felipe esta com 21 anos e Isabela prestes a fazer 19, ambos fazendo faculdade, ele de turismo e ela de medicina veterinária e eu, apenas vejo isso, vejo suas jornadas e me sinto completa, feliz... uma mãe feliz. O que eu ainda quero? Simples, que eles vivam intensamente como eu vivi, passando por cima de todos os obstáculos mesmo sendo uma cadeirante, mesmo sendo o alvo dos olhares ruins, quero que sejam inteiramente HOMEM e MULHER, que ajudem as pessoas, que dêem a ajuda que eu nunca recebi. E hoje, eu, aqui sentada na minha nova cadeira de rodas motorizada se movimentando* livremente* levo minhas mãos ao coração, e atentamente sinto as batidas e tenho a certeza de que estou viva, de que tudo não passou de um sonho e sim que tudo é real. Mas infelizmente tenho que dormir, até a próxima ! 

Mirian Roset Barden Alves, 45 anos.


  Essa foi a história que eu contei á minha estrela favorita, porque sinceramente, a vida é muito mais difícil, enquanto isso eu fantasio meus futuros destinos e mesmo com lágrimas nos olhos vou ir caminhando, caminhando sob duas rodas e esperar que no fim deste 3º ano eu possa conhecer um Paulo da vida, ou se preferirem, Pops, um pops que mude minha história.

  Mirian Roset Barden, 17 anos.


PENA QUE FOI TUDO UM SONHO.

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